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Três Lagoas
quinta-feira, 12 de junho de 2025

Dos EUA a Barretos: a jornada de Pedro Henrique e o papel vital do veterinário Gustavo que cruzam o continente

Uma cavalgada de 10 mil km unindo paixão, resistência e cultura rural, do Texas até Barretos, com apoio e propósito solidário; Gustavo falou ao Perfil News sobre a jornada

A cultura da cavalgada é forte em Três Lagoas e região. Eventos como esse remetem a tempos antigos, quando o Brasil era desbravado sobre o lombo de cavalos e mulas. Mas poucos imaginariam que alguém, em pleno século XXI, decidiria atravessar o continente americano cavalgando, dos Estados Unidos até o interior de São Paulo.

Hoje o Perfil News traz a história – que ainda segue sendo escrita – por Pedro Henrique, engenheiro civil da cidade de Orindiuva (SP), que, com apoio do médico veterinário Gustavo Pereira Paloni, de 29 anos, da cidade de Oswaldo Cruz (SP), cruzam o continente com duas mulas e a bordo de uma caminhonete F1000.

A viagem dos dois aventureiros das Américas, Pedro Henrique e Gustavo Pereira Pallone, podem ser acompanhas pelas páginas do Instagram.

Dos EUA a Barretos: a jornada de Pedro Henrique e o papel vital do veterinário Gustavo que cruzam o continente

Quem ajudou a contar uma parte dessa história foi Gustavo, que falou à reportagem do Perfil News. Ele diz que Pedro iniciou sua jornada dois anos atrás, saindo do Brasil com seu fiel companheiro, o cachorro Bastião, um cachorro da raça Border Collie, em uma caminhonete rumo aos Estados Unidos.

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A missão? Adquirir (ou conseguir por doação) mulas e retornar ao Brasil cavalgando até Barretos, cidade que sedia o maior rodeio do mundo e escolhida como ponto final dessa odisseia. O percurso totaliza cerca de 10 mil quilômetros, e a previsão de chegada é agosto de 2026.

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A cavalgada começou, de fato, em Fort Worth, Texas, depois que Pedro conseguiu duas mulas doadas em Ada, Oklahoma. Lá mesmo, ele ou 50 dias domando os animais antes de colocar os cascos na trilha de volta ao Brasil. Após cerca de 300 km de viagem, a dificuldade falou mais alto: um trecho árido, com clima desértico, pouca água, mulas recém-amansadas e, para piorar, o desaparecimento momentâneo de Bastião. Foi quando Pedro ligou para Gustavo.

PROFISSIONAL EXPERIENTE

Veterinário experiente em longas cavalgadas, Gustavo não pensou duas vezes. Em cerca de 20 dias, organizou sua vida e partiu para Monterrey, no México, onde ou a acompanhar o engenheiro em tempo integral, dando e com estrutura, medicamentos, cuidado com os animais e logística — tudo isso transportado na caçamba da F1000.

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Atualmente, a dupla está na cidade de Nacaome, em Honduras, e cavalga em média 30 a 35 quilômetros por dia. Embora uma mula possa ar até 70 km diários, eles optaram por um ritmo mais leve para preservar os animais. Pedro alterna entre as duas mulas, revezando as montarias. O trajeto, embora fascinante, é repleto de desafios.

A VIDA NA ESTRADA: ENTRE PERRENGUES E SUPERAÇÕES

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Gustavo define os obstáculos como “perrengues do dia a dia”. Sem luxo e com poucos recursos, dormir ao relento, ar dias sem banho e improvisar cuidados veterinários são realidades constantes. Para ele, veterano de duas décadas em cavalgadas, tudo isso é parte da rotina. “Se fosse outra pessoa, talvez com pouca experiência, já teria desistido”, confessa.

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A logística financeira também exige criatividade. Ambos deixaram suas atividades no Brasil para se dedicarem ao projeto. Gustavo, por exemplo, mantinha uma vida ativa comercializando animais. Hoje, conta com ajuda de patrocinadores e até realiza rifas online para cobrir as despesas pessoais e da jornada.

UM SONHO COM PROPÓSITO

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O que motiva Pedro e Gustavo a continuar, mesmo diante de tantos obstáculos? Um ideal maior. Eles desejam deixar um legado cultural e pessoal. “Queremos promover a cultura do peão de boiadeiro, provar a resistência das mulas, deixar uma história registrada em livros e, por fim, ajudar o próximo”, explica Gustavo.

Uma das mulas, inclusive, será doada ao Hospital do Amor, em Barretos, que trata pacientes com câncer.

Parte do equipamento e até o arreio de Pedro também deverão ser leiloados em benefício da instituição.

SEGURANÇA E HOSPITALIDADE

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Apesar dos alertas sobre a violência em países como México, Guatemala e El Salvador, Gustavo relata uma experiência surpreendentemente tranquila. “Nos disseram que o México era perigoso, mas não tivemos nenhum problema. No El Salvador, que dizem hoje ser o país mais seguro do mundo, nos sentimos muito acolhidos.”

INSPIRAÇÃO PARA TRÊS LAGOAS

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Em uma região como Três Lagoas, onde as cavalgadas são tradição e parte da identidade local, essa história vai além da aventura. Ela resgata a memória de um Brasil que foi moldado sobre o lombo dos animais e inspira uma nova geração a acreditar em sonhos ousados, mesmo que exijam os (ou cascos) longos e difíceis.

Ao final dessa travessia, Pedro e Gustavo não terão apenas cruzado um continente. Terão mostrado que persistência, planejamento, companheirismo e amor à cultura sertaneja podem transformar uma ideia maluca em uma grande jornada de fé, superação e legado.

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